Ela disse:
Diz-lhes que eu fui assassinada,
só por ser eu.
Diz-lhes que me rejeitaram,
como uma rameira,
só por sentir como ninguém.
Conta-lhes que eu sou selvagem
e cobiçada por todos os homens.
Que o vazio que habitava o meu coração
se tornou em pura rebelião.
Diz-lhes mesmo que o sonho que vivia na minha alma
se esfumou em mil malicias.
Ele disse:
Conto-te que eu ousei,
e que por ousar,
fui morto para a ira rasgar.
Conto-te que às presas da morte,
me fiz eu mais vivo e forte.
Que existem mais homens que desistem,
do que fracassam.
Digo-te mesmo,
que por amar fui sacrificado,
fazendo-me deserto
em profundo mar tornado.
Que fui silencio, a contemplar, esperar.
Conto-te que sou selvagem
e em todos os ventos, solitario,
que te espreito e guardo
como a sagrada chama que arde à meia noite.
Que na briza canto todos os lamentos
que sopro então em luminosos e eternos rebentos.
Que o vazio do meu coração
encontra iluminação;
E que em tudo isto um segredo existe
que na tua presença depus
quando, raiando, te tornas luar
e nos meus olhos vens habitar.
Que o teu nome é eternidade,
mesmo em cada segundo.
E infeliz e efemero do homem que não arriscaria a morte,
mil vezes, pela eternidade.