Monday, October 30, 2006

Ela disse:

Diz-lhes que eu fui assassinada,

só por ser eu.

Diz-lhes que me rejeitaram,

como uma rameira,

só por sentir como ninguém.

Conta-lhes que eu sou selvagem

e cobiçada por todos os homens.

Que o vazio que habitava o meu coração

se tornou em pura rebelião.

Diz-lhes mesmo que o sonho que vivia na minha alma

se esfumou em mil malicias.

Ele disse:

Conto-te que eu ousei,

e que por ousar,

fui morto para a ira rasgar.

Conto-te que às presas da morte,

me fiz eu mais vivo e forte.

Que existem mais homens que desistem,

do que fracassam.

Digo-te mesmo,

que por amar fui sacrificado,

fazendo-me deserto

em profundo mar tornado.

Que fui silencio, a contemplar, esperar.

Conto-te que sou selvagem

e em todos os ventos, solitario,

que te espreito e guardo

como a sagrada chama que arde à meia noite.

Que na briza canto todos os lamentos

que sopro então em luminosos e eternos rebentos.

Que o vazio do meu coração

encontra iluminação;

E que em tudo isto um segredo existe

que na tua presença depus

quando, raiando, te tornas luar

e nos meus olhos vens habitar.

Que o teu nome é eternidade,

mesmo em cada segundo.

E infeliz e efemero do homem que não arriscaria a morte,

mil vezes, pela eternidade.

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