Tuesday, October 03, 2006

44
e estamos na hora de fénix
11

A arvore, murcha,
alimenta a morte caseira.
O leão que cospe enxofre
encimado por uma nuvem
de vampirica insolencia.

Os ossos que sobram do fogo,
e o gato que trapasseou a noite
em silencio,
só para encontrar um abismo
e se ver ao espelho.

O galo que canta a este
e o grito da mulher que se extingue
na lança do prazer, situada a oeste.

O computador branco
vazio... as letras que desenho
morrendo num pavio.

Hoje a minha morte faz sentido,
porque amanhã renascerei
no ventre de mais um sem abrigo
a polinizarei a cidade
do meu vazio por ela.

As cidades, essas,
que se retraram
apenas pelos seus vagabundos,
ostentores dos sulcos
da velhice das suas dores
reflectidas no comércio fernético
no circulo decadente
do abuso.

Calei-me e contemplei
as hordas daqueles que me mostravam
as suas espinhas.

Roe-los... saborear o negrume
que se solta dos seus poros
enlameados pelo esforço
da maldição primeira.

Ninguem conhece a palavra.

Eu estou aqui de novo
por todos os que perdi
eu sou a solidão que acompanha
a mão da sereia que
à lua epopeia,
deixa cair as suas escamas
só para renascer
em mil mais tramas.

E neste jogo a empurrões
desenho a borrões
a lembrança distante
da nostalgia utópica
a que, como crianças,
chamamos vida.

Lilith pede-nos as linguas
para suga-las bem
logra-las depois
sempre que nos encontramos mudos
mudos de morte.

Tu que esperas por mim amanhã
és a condenação de te perder
sempre, sempre que renascer.

A ti que seguro contra o peito
deixo só um corte
e a cavidade aberta
é a porta da nossa lugebre
descoberta.

Não penses que existo
eu apenas me alimento
da morte que sustento.

Se me esqueceres convenientemente
um dia seremos iguais,
e conversaremos de tempos...
dos tempos do jamais.

Lúgebre, lúgebre abandono
solidão do meu perpétuo retorno...
Santo, santo o meu adorno
de osso e fornalha
de cinza e mortalha,
da paz do chacinio
de morte e dominio.

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