Monday, February 23, 2009

A Torre que era um Hibrido



O Objectivo da Ciência


A ciência busca, através da informação disponível, as conclusões mais precisas e exactas. Ela depende, então, da quantidade e da qualidade da informação, e, ao contrário da religião, não engloba verdades absolutas. O seu objectivo é pois descrever com limpidez a verdade que a nossa observação da natureza indica segundo o método lógico e experimental. Trabalha sobre o aperfeiçoamento da nossa análise da natureza, não buscando descrever o que a natureza é por si mesma.

A ciência é imoral, não busca julgar valores nem subjectividades, em vez, calcula os resultados mais previsíveis que os mesmos poderão vir a gerar. Assim, a ciência está principalmente vinculada à utilidade que os seus modelos oferecem para com a sociedade e para com o uso individual, em suma, para com o ser humano e a sua relação com o meio circundante. O seu desígnio é produzir, por modelos aperfeiçoados de análise e então predições, por conseguinte, mais ou menos perfeitas, um crescente entendimento do mundo que nos rodeia, de forma a favorecer a evolução e a independência, embora, como afirmaria Wiener relativamente ao avanço da máquina (análoga neste caso à utilidade cientifica), a evolução e a independência estejam vinculados aos valores subjectivos do homem, e não apenas à eficiência utilitária.

Todavia, restringindo-nos ao campo científico e menos ao moral, a ciência exigindo teste das condições iniciais e depois das leis que a partir dai são postas em movimento, requerendo confirmação e universalidade, procura um contexto e um conteúdo cada vez mais rico. O enriquecimento da quantidade e da qualidade da informação é a evolução científica, e a sua independência é a independência da imprecisão. Procura, por princípios aplicáveis a todo o espaço-tempo e, como princípios, independentes da relatividade espacio-temporal, as leis universais que depois se aplicam a essas mesmas variantes. Esta procura da universalidade não busca o desencantamento, não necessariamente, do exotismo da variedade, mas sim o entendimento do seu funcionamento.




O Objectivo da Arte

Toda a arte é expressão de qualquer fenómeno psíquico. A arte, portanto, consiste na adequação, tão exacta quanto caiba na competência artística do fautor, da expressão à cousa que quer exprimir. De onde se deduz que todos os estilos são admissíveis, e que não há estilo simples nem complexo, nem estilo estranho nem vulgar.
Há ideias vulgares e ideias elevadas, há sensações simples e sensações complexas; e há criaturas que só têm ideias vulgares, e criaturas que muitas vezes têm ideias elevadas. Conforme a ideia, o estilo, a expressão. Não há para a arte critério exterior. O fim da arte não é ser compreensível, porque a arte não é a propaganda política ou imoral.

A arte não tem, para o artista, fim social. Tem, sim, um destino social, mas o artista nunca sabe qual ele é, porque a Natureza o oculta no labirinto dos seus designios. Eu explico melhor. O artista deve escrever, pintar, esculpir, sem olhar a outra cousa que ao que escreve, pinta, ou esculpe. Deve escrever sem olhar para fora de si. Por isso a arte, não deve ser, propositadamente, moral nem imoral. É tão vergonhoso fazer arte moral como fazer arte imoral. Ambas as [cousas] implicam que o artista desceu a preocupar-se com a gente de lá fora. Tão inferior é, neste ponto, um sermonário católico como um triste Wilde ou d'Annunzio, sempre com a preocupação de irritar a plateia. Irritar é um modo de agradar. Todas as criaturas que gostam de mulheres sabem isso, e eu também sei.

Fernando Pessoa, in 'Sobre «Orpheu», Sensacionismo e Paùlismo'



"O mais alto objectivo da Arte é o que é comum à Religião e à Filosofia. Tal como estas, é um modo de expressão do divino, das necessidades e exigências mais elevadas do espírito".
Hegel


Mas o que é isto, que faz da arte elevada, ou elevada ao quê? E afinal, qual é o objectivo da arte? As necessidades e exigências mais elevadas do espirito? O que é esse espirito e o que é esse divino de que Hegel fala?

Dizem que a arte faz pensar, e se faz pensar deve-se também a fazer sentir, a despertar sensações por via dos sentidos. Mas se este for o objectivo da arte, então engane-se Fernando Pessoa, a Arte é aplicada ao outro.

Verdade seja dita, uma vez que estou a escrever teoria e não um poema, ou a pintar um quadro, a arte provem, como a ciência, da análise do mundo que nos rodeia. O homem começou a contemplar e a estudar a natureza, e a representa-la na bidimensionalidade dos seus adereços que decorava, de forma depois a influenciar essa própria natureza e a sua sociedade. Enquanto a ciência se utiliza da lógica, a arte, como provinda do paleolítico, provem dos sentidos e, através da imagem, busca comunica-los o mais directamente possível ao próximo. Quando o homem começa a reflectir sobre si mesmo e sobre o mundo exterior, estas imagens tornam-se, além de representações do exterior, em ideias deste mesmo, nascendo a arte simbólica, o homem insere um sentido extra no seu dia a dia, a Percepção, e que é a figura mental da unidade e da amalgama dos sentidos.


No entanto, engane-se quem pensar que Hegel estava de facto longe da comprovação da história e da funcionalidade, ou Fernando Pessoa, embora este esteja mais longe do que o primeiro. Os primeiros objectos de arte estavam escondidos em grutas, em lugares inacessíveis para a restante tribo, não procurando ser vistosas mas, tendo como objectivo, segundo vários arqueólogos, o domínio do sobrenatural e o negócio com os deuses, embora a natureza, o sobrenatural, os sentidos e o simbólico não se encontrem tão distintos quanto se faz parecer. A arte, era um ritual mágico, e hoje os psicólogos explicam-nos que a arte é um dos principais instrumentos de regularizar a libido, a psique, e por isso o impulso e a própria realidade. Logicamente, alterando a nossa realidade e regularizando os nossos impulsos, comerciando com o nosso inconsciente, alteramos a nossa percepção da natureza e, modificando-nos, lida esta connosco de outra forma.

Então, o objectivo da arte é servir de coito e descarga à libido, regular os impulsos e sublimar tudo aquilo que, nu e cru, não pode ser contido na psique (este objectivo também se realiza externamente pela capacidade de expressar, diminuindo o isolamento e a solidão, escoando pois as sobrecargas). Este é o objectivo interno da arte, o seu objectivo externo sendo a influência sobre a natureza e os homens (influência sobre o exterior) através do símbolo, dos sentidos e das sensações. Intermédio, está o objectivo de materializar em objecto uma memória, um momento sentido. E por isso a arte é quão mais elevada quanto mais elaborada a nível simbólico e mais cruamente perto (e exposta) dos (aos) sentidos.

E esse é o divino de que Hegel comunicava. O homem como o vitral das Igrejas Góticas, a luz que passa através dele a partir do exterior da igreja e é transformada, era tida como a luz divina.



As Diferenças Básicas Entre a Ciência e a Arte


A primeira coisa a destacar é que a arte trabalha a matéria subjectiva, e a ciência a matéria objectiva. O que é que isto significa? Que o material com que a ciência produz os seus resultados é verificavel e igual para todos. Já o produto artistico, usa como matéria prima a individualidade de cada um, e a sua própria visão. Existe então esta diferença importante na situação inicial, o desenvolvimento, porém, se examinado com distância, é mais ou menos semelhante, na medida em que se busca um enriquecimento da quantidade e da qualidade de informação, e busca-se resolve-la e resumi-la numa equação, numa amostra e num modelo que torne a ideia verificavel e passivel de ser experimentada e reproduzida.

A nivel social, a obra é a voz do artista (e erra Fernando Pessoa, ao dizer que a arte não tem fim social. Quereis algo mais social do que a voz?), é a sua forma de expressar as suas caracteristicas mais unicas, e de transmitir, com elas, emoções que são válidas para todos.

A ciência, pelo contrário, trabalha com material que só pode ser válido a um nivel global, ainda que numa linguagem muitas vezes inacessivel para as massas, e depois extrai dai utilidades para serem usadas individualmente e no quotidiano de cada um.

A arte é um meio de influência social, e a ciência, opõe-se no sentido de ser imparcial.







Exemplo Prático:


Um dos exemplos mais nítidos em que o artista desmente o cientista e o homem de ciência desmente o artista está na Lua.

O cientista descobriu que a Lua, própriamente dita, não muda de rosto, é a luz do Sol que, nela, muda.

O artista, como artista, aceitaria esta descoberta só se viesse como conveniência, porque para todos os efeitos, a nivel imediato, é a luz que a lua emite que lhe descreve a face e a textura desta face, e as coisas são o seu reflexo bem como e a sua influência sensorial e psiquica.

Por exemplo, William Butler Yeats escreve:

"A flower has blossomed,
the world heart core,
The petals and leaves
were a moon white flame..."

As pétalas e as folhas caidas são aqui descritas como chama branca da Lua, mas para a ciência não só a Lua não arde (da forma que o Sol arde), como a chama é uma coisa e a folha outra muito diferente, e a pétala de flor ainda outra. Para a ciência, o crédulo poeta (que presumidamente acredita que esta beleza existe enquanto passeia de noite e a observa no jardim) delira dentro da sua própria mente sem distinguir com clareza os vários objectos que o rodeiam uns dos outros, porque apenas contempla os estimulos dos quais o mesmo é vitima. Para o poeta, isto não passa de uma ausência de conteúdo e de significado, o cientista está alienado do mundo, tendo-se separado dele (desse jardim edénico), e vive nas vagas letras e nos vagos números.





O Objectivo da Arte Como Sendo o Método da Ciência

Entramos neste momento em terreno mais escorregadio.
E convem-nos então seguir por partes.


a) a universalidade aplicada à variedade

Pode-se reconhecer que o principio universal que move a arte, na sua multiplicidade de géneros e estilos, é a comoção, a beleza, ainda que seja por variadas vezes a beleza do macabro, do horror, ou mesmo do tédio e da indiferença. A exposição desta indiferença tem como meta causar uma reacção sensível à mesma.

Para o artista o universo aplica-se na experiência pessoal e transpessoal da beleza que lhe pertence, os seus instrumentos de teste são os sentidos e o conseguinte produto cognitivo (o próprio artista funcionando como um laboratório de percepção e experiência), e depois a reacção do seu público. A obra é mais ou então menos boa conforme a perfeição da técnica, e conforme o impacto que causa no publico (aqui estando presente também o factor da originalidade/criatividade empregada, no sentido em que o já habitual causa menos mudança na percepção e assim, uma identificação mais fraca e imperceptivel por parte do critico).


b ) a imoralidade e a predição

"The Great Man of his time
is He who expresses
the Will of his time;
who tells his time what it wills;
and carries it out"

Hegel

Mas aqui não estamos a inovar, o artista épico sempre foi aquele que encontrou a voz calada do povo e lhe deu som, multiplicando-a e ecoando-a nas gargantas já ansiosas da nação. É aquele artista que serve a libido de todo um povo, que sabe estudar e entender as suas tendencias e os seus impulsos manifestos mas latentes na escuridão quer do inconsciente quer da opressão politica ou moral. A voz solta de um povo é a sua independencia, e a sua independencia a primeira condição para a sua evolução. Quando sopra o primeiro impeto da liberdade, então o homem sai da sombra do medo para entender, à luz do dia, o mundo que o rodeia. Todavia continuamos no campo dos valores subjectivos, tendo-se alterado apenas o tipo de individualidade, esta sendo agora uma individualidade colectiva, uma nação, ou um conjunto de nações.



c ) a utilidade social a nivel do individuo

Torna-se necessário que o artista seja também um sábio, tornando a sua obra universal o suficiente para ser util não só à histeria das massas, mas aos individuos afastados, para que desta forma, a obra possa ser adaptada aos muitos pontos de vista e oferecer beleza e ânimo aos muitos empreendimentos pessoais. E eu creio que se exige aqui deste artista que seja indiferente e imparcial, porém que todo ele viva nessa diferença de ser indiferente, e no amor pela beleza universal e pela sabedoria da sua aplicação aos multiplos variantes espacio-temporais (neste caso individuos e culturas).


d ) teste das condições iniciais e da regra que se lhes segue


Seria de supor que o abstracto estava próximo da nossa defenição, todavia, nem todos os individuos se identificam com arte abstracta, não, a obra torna-se simultâneamente mais individual e mais universal à medida que se aproxima da verdade, de condições confirmadas e de consequências verificadas. Todos os individuos se identificam com a reprodução de experiências que lhes são familiares, pessoais e sociais, e a obra, ao invés de obscurecer o entendimento do critico na confusão da interpretação caótica, esclarece-o sobre a realidade que o rodeia, a nevoa da apatia é afastada e a comunicação floresce, directa, sincera, e sem ilusões ópticas.

Um bom exemplo é o filme Thin Red Line, na integra. Como amostra, existe uma voz na narração a declamar-nos "What can I do? A single man in all this madness?", a isto aplicando-se a perfeição técnica do filme e a originalidade do modelo como o contexto é processado, existe uma identificação próxima do inevitável.





Exemplo Prático

A arte de se fazer perfumes é, hoje em dia, talvez o exemplo mais próximo que pode ser dado de uma actividade que tenha conquistado as barreiras entre um campo e o outro (a ciência e a arte).

Para que o leitor compreenda melhor o que quero dizer, permitirei que uma entrevista a Sonia Corazza, perfumista, fale por si:



No próximo curso Aromacologia e Perfumaria, um dos pontos que me chamam a atenção são as novidades na teoria da olfação. Seria possível dar uma "palhinha" de uma importante novidade nesta área.

S: Sim, sem dúvida! Existem várias teorias propostas, a mais aceita fala do mecanismo chave-fechadura, mecanismo este que aborda as substâncias químicas segundo sua estrutura funcional e os receptores olfativos específicos para esta sensibilização.

Cris: Qual o verdadeiro poder do olfato?

S: Como este é o sentido mais desconhecido do homem, falo a princípio do olfato como instinto de sobrevivência, que de forma ancestral nos ajuda na alimentação, na proteção e na reprodução. Por isso só o olfato é fundamental, mas também pela questão do bem-estar e do equilíbrio orgânico total.

Cris: Sabemos que uma das grandes transformações na área de aromas e perfumes é o crescimento da "natural perfumery", ou seja, a perfumaria natural que acaba resgatando muitos conceitos de notas olfativas e da aplicação das mesmas para a produção de perfumes mais "in natura", muitas vezes, resgatando também o alquimista que há em cada um e gerando produções independentes. Qual a forma mais fácil de se produzir um perfume? É possível que um leigo autodidata o faça?

S: Não acredito e nem estimulo ninguém a fazer ensaios sem um conhecimento básico. Os cheiros produzem reações bioquímicas que se transformam em impulsos bio-elétricos e marcam o sistema límbico cerebral como numa impressão digital. Pode ser danoso trabalhar sem saber o que se está a fazer. Não é porque uma substância é natural, ela seja segura. Esse é um tabu a ser derrubado.

Cris: Sonia, com o crescimento da aromaterapia em todo o mundo, ainda há quem confunda aromas com perfumes. Qual a diferença básica entre eles?

S: Vou te fazer uma comparação bem simples. A Aromaterapia é o tratamento que visa primariamente curar as causas das doenças, que utiliza o olfato e as propriedades dos óleos essenciais, para fortalecer órgãos e suas funções e agir sobre mecanismos de defesa do corpo.
A Aromacologia é a ciência em fase de desenvolvimento, que pesquisa os usos e efeitos psicológicos e fisiológicos dos compostos aromáticos.



O Objectivo da Ciência Como Sendo o Método da Arte


“Se as coisas fossem como parecem ser, não haveria a necessidade da ciência.”
Karl Marx


a) a ciência destinada a fazer sentir e pensar

Propomos que a beleza não deve fomentar o conflito, mas o encanto, a paz e a transcendencia. E para isso defenimos o conceito de uma nova tendencia artistica no capitulo anterior. O conflito social deve pois ser alimentado a um nivel lógico, racional, e passivel de ser comprovado. O combatente social não deve ser delirante, mas com os pés bem assentes na terra, de forma a que o cego (por mais visionário que seja) não guie o cego.

E se a máquina depende dos valores dos homens, e assim o uso desse instrumento que é a ciência, que ela não seja abandonada a si própria e à mercê do homicida, mas que seja guiada, não tanto pelos valores morais, mas pelo volante da sabedoria, e que é o conhecimento aplicado à harmonia (que pode ser testada). Se o artista estudava a alma do homem e o seu mundo interior, o cientista deve ser exímio nesta arte.


b ) o simbolismo e o inconsciente

A psicanálise seguiu o seguinte raciocinio, observando as várias ciências. O objecto da fisica é o fisico, da quimica é o quimico, e.t.c., mas um prato pode ser objecto da física, ou da quimica, sendo então um objecto físico ou um objecto quimico. O objecto passa a ser defenido consoante o método cientifico que o analisa. O importante é passar da observação ingénua à observação cientifica. Mas vamos aceitar aqui a bengala da filosofia, da qual, afinal, se gerou a ciência. Sampaio Bruno apontava, e bem, uma diferença étnica entre a zona norte do pais e a zona Sul, nos tempos da inquisição (a Norte a Inquisição não ousava operar). Tanto no Norte como no Sul, a religião era a mesma, a católica. Na zona Sul o archote era simbolo integrante tanto da inquisição como dos judeus, e, segundo o mesmo "É, numa questão de fanatismo, uma luta de raças. E o processo extreminatório usado pela raça extreminadora contra a raça extreminada marca a zona geográfica onde a instituição é plenariamente possivel. Esse processo é o do fogo; a Inquisição, como os Judeus, tem horror do sangue derramado; ela queima, estrangula; e a sua espada simbólica é uma excrescência de imaginativa na alegoria, porque o seu simbolo étnico natural é o archote abrasado. (...) Por isso, o que era uma festa domingueira no Sul fora o relampago de um horror indizivel, no Norte."

Por exemplo, o cajado é usado pelo homem afectado por uma deficiência, pelo Papa, e pelo xamã, ele é o mesmo objecto mas significa coisas diferentes, como a sociologia pode ilustrar bem. A psicanalise eleva este principio ao nivel individual, ha que chegar à defenição simbólica do objecto, que é diferente para cada individuo, e a partir dai estuda-lo (adquirindo acesso a dados do inconsciente) e aplicar o método cientifico à operação pretendida.



c ) descarga libidinal e a sua regularização

Não ha, neste campo, ideia inovadora, uma vez que esta sempre foi uma das necessidades do Homem e por isso, um dos campos de utilidade explorados pela ciência, e aqui, principalmente, o emprego de estupefacientes e de diversas drogas.

Mas numa ciência artistica, haveria de se aplicar mais tempo, a titulo de exemplo, a explorar os transes causados pelos alucinogenicos a nivel particular, e a partir dai retirar conclusões simbólicas sobre a psique do paciente, à medida que agora se estuda quase exclusivamente os estimulos cerebrais, independentemente das suas manifestações visionárias.



d ) a elaboração simbólica e a proximidade aos sentidos

Obviamente que a ciência chegou mais longe nos exemplos dados préviamente no que se relaciona à arte, estes sendo:

a influencia sobre a natureza ,a expressão de uma verdade verificavel por todos, desenvolvendo a comunicação, e, possivelmente, até no estimulo dos sentidos e do transe visionário.

A imortalização de um momento, transformada ou representada, por exemplo, numa música, é inserida nesse produto possibilitado pela ciência que é a cassete, o DVD ou o disco.

A elaboração simbólica dos compêndios da ciência é extrememente rica.

A proximidade dos sentidos também não seria novidade para essa mesma ciência que nos deu o telescópioe e o microscópio.

“We have these key com­po­nents to our pic­ture of the uni­verse, but we really don’t know what phys­ics pro­duces any of them,” disse Do­del­son sobre a inflação, a energia negra e a misteriosa matéria negra. “The goal of the next dec­ade is to iden­ti­fy the phys­ics”, estes ´podem vir sobre a forma de números, letras e formulas, mas a sua aplicação é fisica, e o método primordial e primitivo o bastante: primeiro o cientista viu ("we have the key components to our picture of the universe") e depois quis tocar ("indetify the physics").


e ) a ciência aplicada ao subjectivo

Já entendemos o método da psicanailse, todavia, como fazer essas particularidades de cada um serem transmissiveis, directamente, ao próximo? Como partilhar, na integra, a forma como experimentamos as vivências, e fazê-lo de forma cientifica. Não tendo uma vasta formação cientifica, embora lance aqui esta proposta, não saberia dizer sem muita presistência e sem largos anos de estudo, apenas no caso de algum dia vir a ter a potêncialidade de derramar alguma luz sobre o assunto antes de me colher a morte.

Como artista, procuro aperfeiçoar a minha arte, por vários canais, vários sentidos, e vários estilos. A escrita é a minha via predilecta porque se foca sobre todos os sentidos. Mas é como ocultista que possuo comprovação mais ou menos directa desta possibilidade, através de muitos testes e meios, dos quais exporei apenas um:

Como professor de xamanismo, a transmissão do ensinamento relaciona-se muito com o som e com as propriedades fisicas de cada coisa, acreditando-se no som estar a essência de qualquer trabalho mágico, e na erva, numa infusão de chá, a medicina dessa erva (a medicina é o espírito), que se manifesta através dos seus efeitos mais ou menos semelhantes para cada um, mas operando a nivel subtil segundo as tendencias actuais do individuo em questão. A espiritualidade xamanica é, curiosamente, primitiva, mas a mais próxima da ciência.

O meu teste, aplicado aos meus alunos, tal como me foi aplicado a mim, consistia do seguinte:

Todos os aprendizes à excepção do mencionado de seguida eram afastados da área, onde não podiam ver nem ouvir o que se passava dentro do cromelech onde a operação tomava lugar, e o aprendiz selecionado dançava em redor de um menir, em espiral, em comunhão com a rocha, e cantando sons aleatórios, ao fim de algum tempo encontrando silabas constantes e monótonas, que formam o dito nome ou canção daquela pedra. A seguir, afastava-se este aluno e mandava-se buscar outro, sobre o qual se aplicava o mesmo teste, o mesmo oscilando por vários tons e ritmos até que, no final, se fixava nas mesmas silabas e nas mesmas articulações de voz, no mesmo som, havendo diferenças minimas de pronuncia que são a assinatura do xamã (como a mesma baqueta que toca um tambor provoca uma onda sonora mais aguda ou mais grave na vibração que causa noutro). Quando a sensação que esta rocha transmite é para ser transmitida e se está longe da mesma, quando se quer então chamar o seu "espírito". a canção é entoada.

Tal como o menir possui um som e uma entoação própria, para cada objecto e criatura o mesmo, incluindo o ser humano, consoante o estado actual em que se encontra, e com fins terapeuticos, o xamã pode cantar a pessoa e, onde existe desconforto, inserir novas notas vocais no encadeamento que irão provocar alivio.


Conclusão: Se questionávamos os aprendizes em relação ao que a pedra lhes transmitia, embora obtivéssemos respostas com algumas qualidades semelhantes, estas diferiam, consoante duas coisas de um só cariz: a diferença intelectual de um aprendiz para o outro, na sua capacidade de interpretação e na sua capacidade de expressão (o intelecto surgindo aqui como disrupção na transmissão da sensação). Quando os submetemos ao som, e únicamente ao som, a única diferença encontrou-se na pronuncia da entoação, e portanto na diferença física das vozes.



Proposta Imaginária:

"A long time ago I realized that there was a force that drew all heavenly bodies together. I discovered that this force was gravity."
Dornkirk


Uma obra, de nome Escaflowne, apresentava um velho sábio, um Imperador de nome Dornkirk (antigamente Isaac - Isaac Newton?) que procurava o utópico segredo da Atlântida, que subsistia da aplicação dos sonhos, dos desejos e das emoções ao afamado destino, tema tão amplamente explorado pelo romantismo.

Á medida que Dornkirk explora o conceito da gravidade como unificadora de todos os corpos, e do movimento que a alteração da gravidade pode causar nos objectos, aplica-a também aos conceitos mais abstractos, como o destino ou a sorte, de forma que acredita poder manipular o destino por via da gravidade. Nesse sentido criou máquinas capazes, com os seus cálculos, de prever o futuro, e a partir daí modifica-lo. O ficticio cientista contempla e estuda permanentemente esse futuro, de forma a calcular o futuro ideal para "Gaea" (o mundo em que habita). Descobre, ou pensa descobrir, que o futuro ideal é caracterizado pelos niveis da fortuna elevados ao seu exponente máximo, em que os sonhos de cada individuo são realizados.


A teoria não chega a ser desenvolvida com muita riqueza na série, mas eu creio que se baseia no seguinte:



Primeira Lei: Inércia, em ausência de emoções externas, um destino em repouso permanece em repouso, e um destino em movimento permanece em movimento, ficando em movimento retilíneo e com velocidade constante. Esta propriedade do destino que resiste à mudança, chama-se inércia. A medida da inércia de um destino é o seu momento. Newton definiu o momento de um destino como sendo proporcional à sua velocidade. A constante de proporcionalidade, que é a sua propriedade que resiste à mudança, é o seu sonho (que é a massa).

Segunda Lei: Lei da Emoção, relaciona a mudança de velocidade do destino (a existência da Fortuna - sorte) com a emoção aplicada sobre ele. A força resultante aplicada a um destino é igual ao sonho do destino vezes a sorte causada ao destino por esta emoção. A sorte é na mesma direcção da emoção.

Terceira Lei: Acção e Reação, estabelece que se o destino exerce uma força sobre outro destino, este outro exerce uma força igual e contrária.


Em que temos:

O movimento das vidas em torno do destino, assumindo a hipótese de uma emoção dirigida ao destino, que produz uma fortuna que força a velocidade da vida a mudar de direção continuamente.

Esta teoria que se segue é praticamente a teoria da gravitação universal, de Newton, com uma diferente aplicação.

Assumimos que a Terra exerce uma atracção (e a produção de emoção) sobre os destinos que estão sobre a sua superfície. Esta emoção é dirigida até ao inconsciente e produz a fortuna centrípeta necessária para manter o seu funcionamento. O mesmo acontece com o destino e as vidas. Então levanta-se a hipótese da existência de uma força de atração universal entre as vidas em qualquer parte do Universo.


E talvez seja possivel medir muitas destas variantes através de reacções cerebrais, da pulsação, dilatação das pupilas, e.t.c., tendo como base um tema e um assunto.



André Consciência

Labels: , , ,

Wednesday, January 07, 2009



Rádio da "Associação das Artes" - "Abismo Humano"





Aceitam-se e agradecem-se sugestões de música.





Labels:

Thursday, October 09, 2008

Abismo Humano n1
Abismo Humano n1

Labels:

Tuesday, August 19, 2008



05 Set 2008, 22:00
Espaço Reflexo, R. Heliodoro Salgado 41 1º fundo, Sintra
Custo : 6 euros
A musical performance featuring Orryelle and two Portugal experimental acts: Hyaena Reich (see Top Friends) and Aeolia Capitolina. Orryelle and Hyaena Reich will also be collaborating improvisationally in the crossover between their individual sets.



12 Set 2008, 20:00
Rua Pinheiro Chagas nº 69, 2º Esq. 1050-175 Lisboa
Custo : 8 euros


Orryelle performs his solo Metamorphic Ritual Theatre Production ’8 Gates’ (includes film projections) concerning past lives, atavistic resurgence, Norse Gods, mist, ravens and the density of matter.

Labels:

Monday, July 07, 2008

o Blog Literário:
(com participação de HornedWolf, João, Iris, pUnChdRuNk-LoVeSiCk, e J. Lobo)
E quando as palavras nos tocam de tal modo que a nossa vontade é abraçá-las? Não vos aconteceu já a todos aquando de lerem, por exemplo, um livro, darem de caras com um pedaço maior ou menor, o qual só vos apetece guardar para nunca mais esquecer? E porque não partilhar tais pedaços com outrens?
"Ele tinha até de sentir mais: a sua existência inteira, com toda a sua beleza e moderação, assentava num subsolo oculto de sofrimento e conhecimento, que por sua vez lhe foi revelado através daquele elemento dionisíaco. E vede! Apolo não podia viver sem Dioniso, aquele elemento «titânico» e o elemento «bárbaro» constituía afinal a mesma necessidade que era própria ao elemento apolineo! Pensemos então como neste mundo, construído sobre a aparência e a moderação e com represas artificiais, penetrava então o som extasico da festa dionisíaca, em melodias magicas de crescente sedução, assim como nestas suava todo o excesso da natureza em prazer, sofrimento e conhecimento, ate ao grito penetrante: pensemos o que podia significar, face a esse demoníaco canto popular, o artista de Apolo com os seus salmos, com o som fantasmagórico da harpa! As musas das artes da aparência empalideciam diante de uma arte que falava a verdade na sua embriaguez, a sabedoria de Sileno exclamava «Ó dor! Ó dor!» contra os serenos seres Olímpicos. O individuo, com todos os seus limites e medidas, ficava aqui submerso no esquecimento de si próprio, inerente aos estádios dionisíacos, e esquecia as normas apolineas. O excesso desvendava-se como sendo verdade, a contradição, o deleite nascido das dores falava de si a partir do coração da natureza.”
Friedrich Nietzsche
O Nascimento da Tragédia e Acerca da Verdade e da Mentira
Pagina 41

Publicada por HornedWolf

Labels:

Friday, March 21, 2008




"Abismo Humano", um forum sobre goticismo em Portugal e Cultura Gótica em geral.


Labels: , , ,

Monday, January 21, 2008