Wednesday, July 19, 2006

Depois de criar o mundo e de o viver, e de o procurar agarrar e de o perder;
Depois de te amar e de te ter, depois de te ter e de te querer, e de escapares incessamente pelos dedos;
Depois de cantar músicas de embalar para adormecer um coração de pesar, e de tocar baladas às estrelas para que aquelas cadentes realizassem todos os meus desejos já decadentes;
Depois de te amar e de te amar a seguir ao desencanto e ainda depois, e de pagar a conta em raiva, e da violência do adeus confuso entre neblinas de homens fracos a correrem para os seus buracos;
Depois de me rir com as hienas o sacrasmo do mundo e de me esquecer que o criei e de me esquecer que o amei e que era o meu amor o seu amor por mim, e depois de dançar a dança sem salvação e sem fim;
Depois de condenar a minha canção e de enforcar um querubim, de culpar tudo e nunca me culpar a mim, e depois de carregar o mundo às costas por todas as encostas;

encontrei-me com um bezerro a pesar nelas, encontrei-me com o bode e corri com ele à sorte.

Depois de me esquecer de tudo em nada, de tomar a chama como a indiferença que ultrapassa a diferença; e da minha paixão ser sempre um não, e depois da mulher que não se esquece e que deseja, congela quando aquece, copula com e decapita quem a merece; depois dos falcões me lançarem como um corpo desfeito feito de prece, e depois de morrer e morrer a seguir e de estar cansado de morrer demasiado cansado para de morrer sair;
Larguei tudo consumido por tudo.

E vi na longura o abismo que devora, uma triturante garganta sem fim que se demora; e disse a estrela está aqui como no fundo do que há ali, e eu estou suspenso e sem vontade e esqueci-me, é verdade.

E depois de dizer “Merda!” e de sufocar em cada pequena partícula de êxtase de dor; merda, fui eu te amar. Foi no que existe para lá das estrelas que construímos casa, mas é segredo, pois a tua ignorância não pode sabe-lo.

Depois de achar que não me mereces e de te banalizar, de te deitar pelo chão, e nos becos para prostituição, fui lambido e consumido, pelas chamas roxas da tua mão.

E gostava então que me pudesses ouvir, para dizer: somos o mundo, perdemos o mundo, conquistemo-lo então (cada um no seu caixão?).

Toma o beijo da serpente, acorda, minha chama atraente!

1 Comments:

At 7:24 PM, Anonymous Anonymous said...

hey's =)

Muito sinceramente, gostei imenso do que escreveste, mas vajo que há muito que não postas nada. não sei se deverei comentar o que escreveste no entanto sinto-me tentada a fazê-lo.
Não se pode perder algo que nunca foi totalmente nosso, mas se ao contrário era teu e decidiste dar-lhe liberdade ela so volta se for realmente tua e se te pertencer.
Acho que ao massacrares-te ao incidires a raiva contra ti, apenas alimentas uma coisa que não es tu, talvez o queiras ser, mas queres perder tudo aquilo que construiste e ficar mais uma vez sozinho com a magoa, dor e loucura?
i'ts your call...
sabes que despendes energias a incidir a raiva contra ti ou contra outra pessoa? nao percas tempo a odiar alguém, porque muitas vezes nao a odiamos pelo que nos fez, ou pelo que aconteceu mas odiamo-la por nao nos ter impedido de fazer isto ou aquilo, odiamo-la por nos ter tornado num ser tao fragil ao ponto de se despedaçar em mil bocados e ao mesmo tempo tao forte ao ponto de mover a lua, o ceu, as estrelas, tudo para lhe agradar.
Vive e dá o melhor de ti aos outros, porque tenho a certeza que eles te darão o melhor que ha da vida, nem que seja um simples e singelo sorriso, ou uma gelida,limpida e pura lágrima.

beijos`***************

 

Post a Comment

<< Home