É só ao fim da noite que a luz se extingue.

As bordas do mundo comprimem-se numa forma negra que irradia um dourado irreal.

Tu estás aqui, a tua escuridão abre os olhos nos meandros do espaço.

Nós somos cubificados em plasma vermelho, constituido de percepção, e recebemos o Bode na sua moção.

Depois da corrente cinzenta espalham-se os teus rebentos, nascem novas crianças que percorrem em filamentos o passado, o presente, e o futuro.

Em mim, n'Ele, vibram todos os pensamentos e nenhum, ondula o primeiro mar de coisas.

Então eu noto, perdi-me de ti, e encontrei a primeira mãe, enrolada sobre si mesma como um esqueleto vivo de vida por morte: fome, pura, branca, cristalina e imaculada.

Mas todos nós somos atraidos para as crianças, que geramos e às quais retornarmos.

Volto através do Sol de Lúcifer o pontifice. Através do Olho de Horus percorro a Terra e já não te encontro, fico a seguir o Nilo por natureza.

Solto um ovo e ele caí sonoramente na agua, sendo engolido pelo silencio das suas profundidades.

Percorre a Serpente... e o rio desce, e o rio desce e desemboca no fundo da terra, atirado ao espaço.

Tu estás aqui de novo, como uma estatueta de um ouro imortal, em posição fetal.

Não encontro os teus cabelos, amada, os cabelos que eu acariciava, não encontro os teus desejados lábios, nem sequer os teus olhos, que representavam o meu lugar no mundo. És toda tu dourada, não tens rosto nem adornos. Já não te posso ter... Posso, apenas, estar contigo. Não restou nada para amar em ti, se bem que estar contigo seja o amor.