Saturday, July 15, 2006

AMO TE

Tu és o meu fim.
Eu sou ver-te nos alçapões que nos engolem.
Infelizmente somos um esquecimento que jamais será esquecido.
Tu és cair no meu peito a ouvir-me o coração:
Eu sou tu não suportares um olhar que te dispa, nem na última vez.
Nós somos a facada nas costas, venenosa, um trago a sangue na embrieguez.
Nós somos os novos vampiros, toda a gente nos chama, a nós, os crápulas, de amor.
Depois vem os outros, os estranhos entre nos, que nos afastaram em primeiro lugar, a quem pedimos conselhos como se as bocas não fossem feitas para mudez e só mudez.
Procuram retaliar sobre as suas frustrações e injectar vingança. Nós sorvemos porque precisamos de esperança.
Como se não fossemos divindades seguimos outras vontades.
Pedimos que nos tirem de nós, o sofrimento, o som gutural, atroz, golpeamo-nos com novo sangue com velho sangue com belas esculturas de mulheres com poetas em febre, agitamo-nos como bestas para que tudo se renove, rasgamos a pele e saudamos tudo o que morre.
Então, estamos no mesmo local de sempre.
Tu és uma puta. E eu sou um caralho podre.
E eu brindo: cabra de vida, que nos destruiu mesmo quando nós éramos o mundo.

Depois de mais uma despedida consecutiva tu segues as estradas nebulosas quieta e encolhida;
Entras no meu céu de novo despida, pranteio, roubado de vida;
E tu mesmo ali, nada mais avistas que pequenas paredes negras, pegas nalguns livros que apalpas no chão e que trazem consigo rasgos, cujas paginas são marcas de haverem existido paginas, e ali encontras a defenição verdadeira da recordação. Então eu sou um fantasma cansado de te assombrar, tu o sonho que se perdeu ao luar. E o fantasma volta para casa, dirigindo-se para o esquecimento. E o sonho retorna, no ferimento das horas, a cintilar.
As engenharias puxam-nos para traz e somos vertidos para os dentes trituradores: á frente parecemos nós.
Não servimos para nada, de cabeça voltada para o chão vazio e para retaguarda, para a forca que o passado nos traz.

Para dizer que te amo, e que isso não poderia ser mais irrelevante para a vida insignificante que levamos, e que levaríamos seja como for. Estamos demasiado distraídos com o que passa na tv, com o vizinho e o porquê, o gajo que beijaste hoje e ardeu, e ate queres ficar com ele. Olha para mim, olha, amor, porque tu tens o dever de ser forte, se amor és, olha para mim e vê como sou fraco! Consome-me por inteiro, não deixes cinzas! Destrói-me sem piedade, porque és tu o vulto do verdadeiro terror. Consome-me, pois eu não sou eterno. A minha história desfaz-se no tempo, morri, não procures a campa, ela mesma foi enterrada, e tu apagaste-te também.

Sobrou de mim um espectro de ódio, e de ti, em mim, as cordas peitorais de uma mais balada. Quando chove e a terra revolve, devolves-me de novo coisa nenhuma, e eu olho-te com o fundo olhar da fome que te quer secar por inteiro.

Odeio-te mais do que a vida.

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