Sunday, June 11, 2006

Seis e trinta e oito da manhã: percepção directa.
Do outro lado do escuro alcatrão, ainda a boa distância, um grupo de livres e nobres rebeldes preenche o passeio. A conversa está boa, o sangue está ébrio, e este grupo de macacos é a animação longínqua de uma noite ainda calma e solene. Ao virar da esquina, pedem-me, ainda ao longe, um cigarro. Não respondo, continuo a conversar. A insistência desagrada-me, conheço os sintomas do assalto ou do ataque anti-roupa-escura pelos soldados de pele negra, usualmente conduzidos por um chimpamzé branco. Levanto o braço e gesticulo, simpaticamente. “Não temos, pá” Insensível o suficiente para roubar a dignidade aos novos satanistas do ouro e do materialismo, à nova Criança Conquistadora e ao macaco de Thoth, à criminalidade hip hopiana directamente importada e imitada ao estilo de vitima revoltada, previ o próximo passo. O dito chimpanzé corria alegremente para a minha frente, e, como quem não ouve, pede um cigarro. Antes do não, ofereceu, com gentileza e prova de boa fé, um murro, cordialmente recebido na zona do olho. Ainda antes de recuperar, já uma multidão de vozes pedia cigarros. Os ânimos aquecem, mas já sinto mãos nos bolsos, na roupa, olhos na pele, por todo o lado. O chimpanzé afasta os macacos, diz-se bom samaritano e até me deixa ir. “A andar”. Olhamo-nos nos olhos, um sorriso puro trespassou os nossos olhares conflituosos, as almas trocaram-se, e partimos, devolvendo tudo o que havíamos dado um ao outro.

1 Comments:

At 7:30 AM, Blogger HornedWolf said...

Uma imitação de Klatuu? É com J, não é com Z. Assim: JAJAJAJA

 

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