Saturday, June 10, 2006



CAP I
LIBERDADE
1 - Desejo


IV

Chegara o dia em que extraindo-me da cama, em que me alojara na parte superior da casa, onde era sempre invadido por um estranho ambiente, (tivera, já há muito, o cuidado de tapar o espelho, sem me atrever a desvelar qualquer nova peça de mobiliário), me deparei, pelo varadim que, mesmo de dia se mantinha, para olhos exteriores, na penumbra, e enquanto me preparava para acender um cigarro de substância bolorenta, com um panorama no rio. Aqui, o diabo banhava-se com as mais sedutoras mulheres alguma vez vistas, aquelas a que chamaria de suas ninfas. As mesmas davam-lhe a beber determinadas fusões, inscreviam, na sua pele, símbolos, e fornicavam. Entre elas, estava Lashtar. As suas suculentas peles pareciam brilhar, húmidas, ao sol, como se fossem escamadas. Por sua vez, o diabo ora se avistava relaxado, até indiferente, ora espicaçava-as até quase à perda de sentidos. A forma como abocanhava o mamilo de uma mulher loira, teria sido até agora o movimento mais felino e fascinante que observara. Como se advinhasse a minha presença, senti então o diabo chamar, e, irracionalmente atraído, fui a seu encontro, preparado para mergulhar (era-me desnecessário despir, uma vez que, ali, não possuía o habito de me vestir, o diabo não se vestia e eu, deste modo, não vi conveniência em roupagens – não há, descobri, vergonha no corpo, há vergonha no próximo), mas este impediu-me. Olhou-me pausadamente, com os seus olhos aguados de grande porporções, e explicou-se.
“Não sabes de que águas beberias. Observa, todas estas que aqui reúno, são sedutoras feiticeiras e sedutoras bruxas, uma delas não cessa de me dar a beber uma fusão que me deveria amarrar a ela; esta outra, escreve-me na carne o seu dialecto e envenena-me no sangue; a que se segue entra-me na mente como uma sanguessuga, poderia continuar. Esta faz o mesmo com o meu coração; Cada uma, além da sua especialidade, tem um encanto próprio, pois não sabes que o género femenino é o próprio diabo por natureza?” riu-se, “cada uma tem o seu encantamento, e para cada um destes encantamerntos não existe, aparentemente, porto salvo.” Baixou uma das mulheres para o seu peito, enquanto era acariciado, estimulado e salivado por outras. “É verdade o que te digo, não há diferença entre estas mulheres e eu, a não ser a minha própria soberania, como irás observar. Lembras-te, por certo, de te haver contado como funciona o meu negócio. Pois bem, o mesmo faz o homem com a sua mulher, ele vende a alma de uma forma ou de outra, ora se corrompendo, ora se purificando. Mas não há transformação que não passe pelas garras da mulher. Estas mulheres não só possibilitam a um homem a chance de encontrar a sua alma, como de vende-la de uma forma ou de outra, e no caso que te exemplifico ele purificar-se-á, e ganhará a chance de dominar a natureza. Observa, verdadeiramente demoníacas, mas se fecho os olhos que anjos mais luminosos poderia eu ver? Será que me entendes? A sedução é a mãe de toda a evolução, se te seduz, se te quer, dá-te as boas vindas, sê cordial e faz o mesmo.” O diabo saiu das águas e elas arrastaram-se atrás de si. Beijavam-lhe agora os pés. “Na sua procura pela captura da minha alma nas suas teias de cheiro a menstruação, ou deveria dizer, masturbação, já se subjugaram a mim. Mas isto não me importa. Não as procuro, já nasceram minhas, porque tudo pertence a um coração puro. O coração puro lava-se na mesma água em que o coração corrupto se suja. Este é o verdadeiro baptismo.” O diabo, um vulto corpolento, apontou e elas saíram numa cega correria, como se toldadas por uma sombra aterrorizadora. “Porque, então, diabo, não me deixaste banhar-me contigo?” Ele riu-se. “Acabamos de despertar a luxúria no teu corpo e já lhe queres mestreio? Esta lição é um testemunho do Templo, e por conseguinte para o Templo, tu segue simplesmente as instruções que te dou relativamente aos teus exercícios, se queres chegar a negociar comigo.” Pensei ter compreendido, eu era, dizia-me o tentador, do tipo silencioso, e isso agradava-lhe. Todavia, era também teimoso como a Besta (o que não deixava de o agradar, por sua vez). “Como fazes o que fazes com as mulheres e com a natureza?” Mergulhou a cabeça para trás e voltou à superfície, segurando nos seus longos e escuros cabelos emaranhados. “A mulher e a natureza são um” sorriu o seu sorriso, e, quando o fazia, o corpo jovial transformava-se, por vezes, no corpo magro de um velho cínico, de cabelo preso e cabelos grisalhos. “para domina-las tens de saber utilizar as coisas que são diferentes, entre si, sendo coisa nenhuma e assim livre da diferença, ou, numa linguagem que te é mais inteligível, basta ter uma razão desempedida e uma intenção igualmente firme. Esta é uma verdade atingida, praticamente, por toda a humanidade, e todavia continua ora impraticável ora excessivamente adulterada sob a capa do medo e do trauma.” Após um curto silencio, acrescentei-lhe, sentindo-me um dos muitos humanos. “É difícil de distinguir.” Deu-me uma palmada nas costas com a sua mão molhada, os seus olhos faiscantes com uma esquesita alegria. “O discernimento é um instrumento em que devemos ser mestres, quem é mestre a discernir, e firme na sua vontade, é mestre em qualquer outra coisa. A maneira de o fazeres neste caso passa por tentares compreender se a razão procura subjugar a si a tua intenção, ou se a tua intenção procura subjugar a razão, em qualquer um destes casos, o homem não está a seguir a via do domínio sobre a natureza, pois esta via passa por aquilo que não é nenhuma destas opções mas sim as duas. É desta maneira que eu roubo tudo de todo o lado a meu bel-prazer.” Sorri. “É fácil compreender o que dizes, mais difícil a sua pratica. E se eu vender a alma para ser como tu? Ou, talvez, para te matar para gozo do meu omnipresente sarcasmo?” O diabo riu-se. “Como venderás uma alma que não é tua?” O seu aspecto parecia mudar sem ainda mudar, conseguia cheirar, intensamente, o perfume de uma vagina húmida por debaixo dos seus testículos, uns seios pálidos e perfeitos num corpo curvo de mulher, os lábios suculentos, as feições de Afrodite, e a barriga como uma serpente por detrás do corpo másculo. Em simultâneo, os fluidos masculinos, como o suor e o pequeno licor do seu pénis, inebriavam-me de forma igual. Perdi controlo da respiração. Dirigi-me para ele enquanto ele me ajoelhou na água contra a sua barriga. Eu beijava-a agora. A sua alegria era febre. “Falava-te do hemafrodita,” ele fez-me engolir alguma agua enquanto levavaa minha cabeça a descer. “ele é como ser uma estabilidade inderrubavel e uma explosão selvagem e indomável, divina e profana, é como ser inabalavelmente continente e perdidamente rendido à paixão; tu amas-me e desesperas, como podes bem amar-me e elevar-te. Mas eu salvo ou desespero, ninguém me pode indiferença. Não sabes, então?, que sou, unicamente, harmonia? Quem a vê?” Soltou-me. Recuei, chocado, sentia como se o meu estômago houvesse explodido. Não me sentia capaz de olhar o indio. “Imagina quando me volto para a arte, como ela se rende a meu ofício. Não admira que todos os artistas me sejam especiais e conscientes devotos. Uma alma de artista é uma alma sempre atormentada do diabo.” Riu-se. “Quero que prossigas o teu exercício do seguinte modo: parando de ser idiota e de seguir as criações de outros, defendendo-as ou atacando-as, mas perguntando, agora ligeiramente livre, as tuas próprias perguntas, respondendo-as com as tuas próprias respostas. Mas nunca permitas que uma resposta se fixe, questiona-a sempre. De um pequeno rio chegaste a um mar, agora quero que aprendas a manobrar-te no mesmo. Desejo que isto seja acompanhado por um gesto simples: medita no fogo dos teus testículos em relação à luz da tua cabeça; no riso hilariante do teu lado esquerdo em relação à força do teu lado direito; e de tudo isto em relação ao amor no teu centro, no teu coração.” Fiquei pouco à vontade. Por outro lado, já conseguia enfrenta-lo. “Como devo eu meditar? E como encontro estas conceitos em mim?” Ele fez-me uma rasteira e eu cai. Depois riu-se. “Caíste de novo. A prática faz a teoria. Vai à luta e descobre. Escuta, que não terminei ainda, a este, deverás imaginar uma espiral até que ela te transmita uma qualquer configuração ou te dê um sinal por via de manifestações naturais, então tu deverás mostrar-lhe o teu livro com o meu sigilo, na sua constância, se a entidade não te abandonar, pede por equilíbrio. O mesmo deverás repetir a Sul, pedindo o poder de sugestão e da destruição sobre os teus inimigos. A Oeste, pede percepção da verdade relativa e a supressão da racionalidade. A Norte, o Caos Constante, e a duvida da discórdia. Para cima e para baixo, repetes o processo, pedindo iluminação. Então deverás escutar tu todo o Universo a rir-se, e pedir à Senhora Estelar Vida, Luz, Amor e Liberdade, bem como sucesso na tua mágica.” Apesar de tudo o que se sucedera comigo, parecia só agora estar a presenciar o discurso de um verdadeiro louco. Senti que o diabo me escutava o pensar e, de um olhar predador cai eu vitima. “Pensas-me louco? Só puderas estar certo!” Esbugalhou, hilariantemente, os olhos. “Deixa-me apresentar-te uma amiga particular…” Já assustado, o meu coração disparou quando a imagem do diabo se tornou na imagem de uma senhora vestida em cinzento, que se ria e soltava ventos e trovões do céu negro e azul escuro, os seus cabelos com tiras brancas como a neve e negras como a noite esvoaçavam e as espirais do mundo moviam-se na perdição do seu sarcasmo, o vazio de todo o mundo e a alegria de todo o mesmo. Mar de escória e de felicidade. Êxtase puro. “Éris”, terminou, já na sua forma original, e eu, sem qualquer capacidade decisiva, irrompi em riso incontrolado. “creio que não há porque ter desconforto sobre algo em especial quando se viu como ela vê. Esta visão ajudar-te-á. Aproveita, também, a estranhesa que te provoca todo o jogo de imagens quando com elas brinco, e quanto mais estranho mais natural. É assim que, aos poucos, tenciono decapitar-te”

5 Comments:

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