Monday, June 26, 2006

Eu era uma besta sob o seu amor.
O fogo que ela ateava era um ódio que eu amava.
Ela era traição em cada palavra, e eu usava-a.
Ganhara o direito à supremacia.
Então quis com ela uma vida.
Ela era abandono em cada susurro, e usava-me.
Eu matava-a diáriamente, ela era o meu amor sob a minha Vontade.
Eu enaltecia-me no seu choro, e cansado,
porque por ser livre evocava a derrota,
decidi vencer a sua felicidade,
construir, só por ela, toda uma verdade.
E eu dizia: ajoalhai! e ela ajoelhava-se, até o seu sangue era traição por ser paixão.
Foi então, que algo maior do que eu ali se ergueu,
chamava-se Vontade, que também ela o tinha,
arrancou as sementes de mim, espalhou os meus sonhos
sobre os seus nus pés e pisou com luxuria, lambeu o meu sangue,
e todo eu uma calada lamuria, e todo eu alvo da sua furia,
um falso rei apunhalado pelo seu povo,
odiava-a, a morte eu desejava,
ela tirou-me tudo e deu-me a beber, pela sua mão, da amargura
arrancou-me de um só trago a cabeça e acabou com a minha miséria,
ouvi então vozes e ecos de falcões, acordavam-me com uma luz
que dentro se acendia, não fora,
as suas palavras de vingança, sem amarras,
depois, ela beijou-me a testa, deu-me a mão
e levantando-me, vi-a, amei-a só então.

Ela disse-me, "Amor é a Lei, Amor sob Vontade"

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