Sunday, November 26, 2006

ALI, onde o mar quebra, n’um cachão

Rugidor e monótono, e os ventos

Erguem pelo areal os seus lamentos,

Ali se há-de enterrar meu coração.

Queimem-mo os sóis da adusta solidão

Na fornalha do estio, em dias lentos;

Depois, no inverno, os sopros violentos

Lhe revolvam em torno o árido chão...

Até que se desfaça e, já tornado

Em impalpável pó, seja levado

Nos turbilhões que o vento levantar...

Com suas lutas, seu cansado anseio,

Seu louco amor, dissolva-se no seio

D’esse infecundo, d’esse amargo mar!

Antero de Quental

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