Friday, November 10, 2006

Cria um lusco-fusco, este ondular na costa, esta planta que cresce sozinha numa praia, repousada na nudez de uma pedra; e reflecte a sensação de profundidade, e dá a sentir a profundidade de uma solidão que se transcende e ilumina todo este deserto de um céu cinza tropical e de uma areia neutra e vazia de pegadas.

Assim é a minha alma, escapulindo-se entre os padrões da sombra e da luz, mãe da dor, pai do prazer, vida pura só perceptida pelo pranto em que me encontro, porque a beleza não cabe nos homens; e as tuas criações, enquanto as experimentava como me faltava... e hoje que sou tu, que vejo por ti, pelos teus sentidos, o teu olhar, oh como as vivi, como as vivi...

O pranto passa com a poesia de um momento fora do tempo, condenado à sorte do esquecimento.

Pouso o dedo cristalino e aquoso, como uma lagrima que caiu, sem se saber porque, do céu; e toco a melodia do pensamento uma vez mais.

Quem foste tu?.. ó minha irmã... quem foste tu que vivias comigo e caminhavas onde eu me fazia sentir?... Quem foste tu, de olhos nos meus?.. Quem foste tu quando encaixavamos os corpos e nos uniamos, e sabiamos quem eramos?... Quem foste tu, que me fazes falta?... Quem foste tu? Que eu nunca te conheci... Quem és tu, que eras o mundo?.. Quem, que me tapa a luz?.. Se já nunca te conheci, deixa-me repousar, uma ultima vez, na memória de ti.

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