Através da névoa o lobo de chifres subiu as colinas de encontro a estrela polar.
Então, subindo, Um afigurou-se-lhe sem qualquer face.
"Aprende a viver sem rosto"
Aprendiz:
"Senti como se uma teia de aranha me cobrisse a pele, em determinada entrada, e penso sobre que sinal será este
Mestre:
"É um sinal de que és um lunático inutil"
Aprendiz:
"E para que voz me deverei então voltar? As estrelas tem-me sido verdadeiras; os gregos reconheciam as suas leis"
Mestre:
"As estrelas respondem mentiras, porque perguntas mentiras."
Aprendiz:
"E o amor? Eu morria por ele."
Mestre
"Mas morrer é abandonar a mentira, não arrastares-te a ela como o verme que nasceste e como o verme como morreras. Nem a Morte te quer. És um lunático inutil, deixado aos cães do profano. Tu não amas, se tu descobrisses o Amor, que é a Verdade, tu reconhecerias a maldade e a indiferença pura que existe nos orificios que procuras preencher. És uma criatura desprezivel, pois tudo o que poderás sentir algum dia é desprezivel. São nada senão os meus excrementos"
Aprendiz:
"Então que sentido tem isto?"
Mestre
"Absolutamente nenhum"
Aprendiz:
"E o que é suposto eu fazer?"
Mestre
"Absolutamente nada"
Aprendiz:
"E depois?"
Mestre:
"Não ha depois, bola de merda"
Aprendiz:
"Então eu deverei matar-te para sobreviver"
Mestre
"Mata-me, e eu deverei possuir-te. Em tudo isto és impotente."
E foi-lhe dada uma face branca, sem feições, apenas uma lagrima negra ao canto, como Pierrot, e ele cantou a seguinte canção:
Porque choras? Perguntou a gargula.
Algumas vozes, alguns rostos, alguns perfumes, são como trilhas para terras inefáveis.
Porque choras? Perguntou o vacuo de uma escuridão que envoltara a gargula.
Porque me ergo com a força de uma torre inderrubavel. Porque da minha voz sai uma torrente de sois vermelhos, porque a minha pele é negra como a de um núbio, e as minhas faces pálidas como a Lua.
Porque choras? Perguntou a feiticeira de neve em vestes vermelhas.
Choro porque sim. Porque a donzela é o castelo que todo o cavaleiro deve tomar, mas eu não me satisfaria até alcançar essa quintessencia feminina e guarda-la num cofre bem secreto protegido nos meus proprios ossos e enterrado na minha própria carne.
Porque choras? Perguntou a vegetação enegrecida, seca e despida, que envoltava a feiticeira, a gargula, e se banhava no vacuo da escuridão.
Porque algumas donzelas são como terras encantadas, desaparecem eternizando-se, só um verdadeiro Mago se possibilita de levantar a neblina do véu.
Porque te entristeces? Questionou a janela que dava para uma noite vazia.
Porque já ninguém está aqui para chorar, porque parti para onde nem os deuses me podem acompanhar. Porque sou a abominação que não pode existir, que não existe.
Silêncio, pronunciou-se o castelo vazio, de conquistado abandonado, nenhuma neblina o cobria, mas uma noite eterna, e uma escuridão silente habitava os seus dominios. Por debaixo das suas ruinas, o cadaver de um cavaleiro. Acima do castelo, escondida pela lonjura, uma estrela.
Para todo aquele que ler isto: saiba que em verdade o odeio do fundo das entranhas.
Amor é a Lei. Amor sob Vontade.
AHAHAHAHA
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